Crônicas de Valdir Bressane

Copa do Mundo e os brasileiros



Brasileiro e copa do mundo é uma combinação explosiva. Carnaval não é tão paixão nacional quando comparada ao futebol. Futebol chega a passar de paixão e tornou-se obcessão, é o fanatismo nacional. Enquanto outros países amam guerrear; nós brasileiros adoramos ver belas mulheres rebolando, sim, mas a coisa mais bela é ver a nossa Seleção jogar contra os nossos vizinhos, e vencer, é claro. Quem nunca desejou ganhar da Argentina que atire a primeira pedra.
Nesse ano de Copa do Mundo é que o sangue esquenta e o amor pelo futebol aumenta, somos todos unidos por um único e precioso obejtivo, vencê-la. Não é a toa que somos os maiores vitoriosos da História dela e o país mais participativo. Desde a criação da Copa do Mundo por um tal Jules Rimet, em 1928, nosso país participou de todas as copas do mundo. Somos os tais.
Está chegando o dia em que brasileiros se unem, num só grito, num só coração, numa só emoção, ouvindo a narração do Galvão Bueno. Às vezes, penso como era a Copa do Mundo antes do Galvão Bueno, não que eu esteja dizendo que ele seja bom ou ruim locutor do evento, mas, desde que me conheço por gente, o Galvão está ali. Não podemos dizer que ouvimos outro locutor gritar – é gol do Brasil - não ao vivo. Temos, então, alguns ingredientes básicos para uma boa Copa do Mundo, coisa que não pode faltar. Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão, Galvão Bueno, locutor oficial, Seleção Brasileira, cervejinha básica e palavrões, palavrões são essenciais. Brasileiro que não xinga ninguém durante toda a Copa do Mundo, deve ser doente da cabeça ou mudo. A coisa mais gostosa do mundo é xingar os malditos juízes, os malditos jogadores que erram gois (eu sei que a palavra é esquisita, mas gois é o plural correto de gol, embora gols, como se vê por aí não esteja necessariamene errado. Mas prefira usar o primeiro.) feitos e tecnicos que não convocaram o nosso jogador preferido.
Coitado desse Dunga, além de ter o apelido de anão da Branca de Neve o que já não é coisa pouca, ainda por cima tornou-se técnico da Seleção Canarinho. Quando um técnico é eleito, isso tem um peso tão grande como escolher um general para liderar uma guerra, ele leva a esperança de um país inteiro. E como é feio voltar perdedor, mas como é glorioso voltar trazendo aquela teça valiosíma. Aliás, falando em taça, fico pensando o que aconteceu com aquela taça que foi roubada no Brasil. Brasileiro ama futebol a tal ponto que chega a roubar a taça para si (pena que esses que roubaram, derreteram a linda taça e ainda por cima ficaram pobres. Ladrões idiotas!). Isso é que é amor. Já os ingleses não deram tanto valor assim. No Brasil a taça jamais foi encontrada, na Inglaterra um cachorro achou a taça embrulhada num jornal. Pô, sacanagem, lá um cachorro encontrou a taça, aqui, a PM, a Civil e a Federal não deram conta. Acredita-se que ela foi derretida. E se não foi? Jamais saberemos...
Não menos importante e acho que vale a pena lembrar é o sofrimento do torcedor brasileiro diante da televisão. Ali ele rói a unha, faz promessa (Nossa Senhora Aparecida que aguarde um grande número de preces a favor da Seleção. Espero que Deus seja brasileiro, senão estaremos encrencados), ele pinta e borda como diz o jargão popular. Mas o que o brasileiro mais gosta é de ouvir o Galvão gritar gooooollllll ( aí vai bem mais ooooo e muito mais lllllll), então, a gente sai pelas ruas gritando, a bandeira se agita, os rojões espocam, ninguém mais ouve porcaria nenhuma e se o juís anula o gol, só vamos saber meia hora depois. Mas os brasileiros somos assim, se não somos felizes de uma forma, somos de outro, e brasileiro não muda nunca. Brasileiro que é brasileiro nasce com a camisa verde e amarela, chuta bola aos três anos e sonha ser jogador da seleção aos dez. Atreveria-me a dizer que em Copa do mundo todos somos corintianos. Tem torcedor mais apaixonado pelo seu time do que os corintianos? Eu, devo confessar, não é o time do meu agrado, sou palmerense, mas daquele tipo de palmerense que nem ao menos sabe que o seu time está ou não em determinado campeonato. Nunca assisto a jogo algum e quando assisto é porque estou na casa de alguém que gosta, porque por mim, o único jogo transmitido pela minha televisão é o jogo da Seleção que por essa eu choro, grito, xingo... e quem não faz isso?

                                                                    Valdir Bressane

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